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Pesquisadores brasileiros estudam aroma de substâncias psicoativas em fumantes em ensaios clínicos sobre tabagismo e recompensas.
O café é uma bebida muito apreciada pelos brasileiros, sendo parte essencial do dia a dia de muitas pessoas. O café não apenas proporciona energia, mas também é um momento de pausa e prazer para muitos. Uma xícara de café quentinho logo pela manhã pode ser o ponto alto do dia de muita gente.
O aroma do café é algo realmente especial. Além de despertar os sentidos, ele pode ter efeitos surpreendentes, como no estudo que mostrou que o aroma do café ajudou a reduzir o vício do tabagismo em alguns participantes. Sentir o aroma do café pode ser uma experiência reconfortante e revigorante, capaz de trazer benefícios inesperados para a saúde e o bem-estar. Uma xícara de café quente, com seu aroma delicioso, pode ser um verdadeiro bálsamo para a alma.
Descoberta do Poder do Café no Cérebro
Os pesquisadores do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) revelaram em 2014 que a fragrância do café tem o poder de ativar uma região específica no cérebro, parte do sistema de recompensas, especialmente o núcleo acumbens, uma área cerebral também estimulada por substâncias psicoativas, como a cocaína. Esse sistema de recompensas é desencadeado por atividades prazerosas, como ouvir música, ter relações íntimas e, é claro, desfrutar do café, mas também pode ser manipulado por substâncias psicoativas.
A pesquisadora do IDOR e diretora científica da Café Consciência, Silvia Oigman, ressaltou a importância desse sistema e como ele pode ser influenciado por diferentes estímulos. Como o café tem o poder de ativar intensamente essa região do cérebro, os pesquisadores decidiram explorar o aroma do café como uma ferramenta para ajudar fumantes a abandonar o hábito. Em 2016, um pequeno ensaio clínico com 16 fumantes mostrou resultados promissores, levando a um estudo mais abrangente em 2022, que acaba de ter seus resultados divulgados.
Resultados do Estudo
Silvia Oigman compartilhou na última segunda-feira (3) que, dentre os 60 fumantes participantes do estudo, metade exposta ao aroma do café acabou fumando logo após a intervenção. Por outro lado, na outra metade exposta a uma fragrância neutra à base de sabão, 73,3% voltaram a fumar. Embora não tenha havido diferença estatisticamente significativa, os resultados indicam o potencial dessa abordagem, especialmente considerando que se tratava de um ensaio clínico piloto.
Silvia explicou que o estudo com o aroma do pó do café foi um passo inicial e que ajustes serão feitos para futuras pesquisas. O ensaio clínico, que durou seis meses, permitiu aos pesquisadores identificar desafios a serem superados e planejar estudos mais abrangentes. Um dos obstáculos encontrados foi a perda de volatilidade das fragrâncias ao longo do tempo, algo que afetou a qualidade do aroma do café utilizado no estudo.
Investimentos e Futuro da Pesquisa
A pesquisa recebeu um investimento de R$ 373 mil da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). O projeto final tem como objetivo desenvolver uma formulação terapêutica baseada nos voláteis do café para ajudar fumantes crônicos a reduzir o desejo pelo tabaco. Silvia destacou que os resultados obtidos até agora são promissores e que a equipe pretende continuar aprimorando a abordagem.
Os pesquisadores estão agora focados em criar uma formulação terapêutica com base nos compostos voláteis do café e adaptá-la para um dispositivo eletrônico, visando a realização de novos ensaios clínicos. O potencial do café como aliado na luta contra o tabagismo abre caminho para novas descobertas e abordagens terapêuticas inovadoras.
Fonte: @ Agencia Brasil
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