ABCD e CBAt criarão força-tarefa para garantir inscrição de atletas em Paris, com testes surpresa e passaporte biológico. Rumo a Paris, maratonista deve participar de simpósio anual.
A Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) e a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) devem unir esforços nos próximos dias para garantir que todos os atletas brasileiros classificados em atletismo para os Jogos Olímpicos de Paris tenham sua inscrição confirmada. No momento atual, a grande preocupação é com a elegibilidade de grande parte dos competidores, que pode ser comprometida caso não haja uma ação urgente.
Os atletas brasileiros de atletismo qualificados para as próximas olimpíadas enfrentam uma incerteza que precisa ser resolvida o mais rápido possível. É fundamental que a CBAt e a ABCD ajam de forma eficaz para garantir que nossos representantes tenham a chance de competir em igualdade de condições. A transparência e a agilidade são essenciais nesse processo delicado.
O atletismo sob o controle de dopagem
Na segunda (11), a World Athetlics (WA) anunciou que aceitou recomendação da Athletics Integrity Unit (AIU), que cuida do antidoping no atletismo, e impôs que atletas de quatro países, entre eles o Brasil, só sejam elegíveis para participar de Paris-2024 se passarem por três testes surpresa nos 10 meses que antecedem à Olimpíada. Ao menos um desses testes precisa ser até 19 de maio.
E atletas de provas longas (acima de 800m) têm que passar por ao menos um teste de sangue, para avaliação do chamado passaporte biológico e com teste de EPO. Por enquanto, o número de testes já realizados é baixo, e não chega a 30% do necessário. ‘Estabelecemos três grupos prioritários. A prioridade máxima é de quem já está classificado.
A importância do passaporte biológico
Depois, quem está na zona de classificação do Road to Paris [o ranking olímpico do atletismo]. E tem um terceiro grupo, que é quem está fora e pode entrar. Mas esse cara não é nem nossa prioridade A, nem a prioridade B’, explica Claudio Castilho, CEO da CBAt. Adriana Taboza, presidente da ABCD, afirma que a entidade apoia a medida.
‘Os atletas do grupo alvo de teste da ABCD passam por três testes fora de competição em 12 meses. Essa é uma exigência determinada pela AMA-WADA [Agência Mundial Antidoping]. O que a WA sugere é algum ajuste que, a princípio, é possível executar.
Consequências para o Brasil e demais países
Toda medida que visa proteger o esporte, a despeito de ser uma exigência da Agência Mundial ou não, receberá o apoio da ABCD e nosso propósito é concluir essa ação em parceria com a WA e com CBAt’, diz ela, que está na Suíça para o simpósio anual da Wada. PUNIÇÃO AO BRASIL – A AIU tem cobrado a CBAt desde 2022 pela baixa frequência de testes surpresa entre os atletas brasileiros.
No Mundial de 2023, constatou que os brasileiros chegaram a Budapeste tendo passado por ainda menos exames, em média, do que no ciclo anterior. Daí veio a nova exigência, que também vale para Equador, Peru e Portugal. Mas quem tem responsabilidade sobre esses testes é a ABCD, um órgão de governo, que tem orçamento limitado para cuidar de todas as modalidades, não só as olímpicas e paralímpicas.
Desafios enfrentados pela CBAt
CBAt e ABCD, e mais recentemente também o COB, têm tido reuniões regulares para solucionar o problema, inclusive com divisão de custos. Uma saída é aproveitar momentos em que seleções estão reunidas para testar vários atletas de uma vez. Já foi assim na véspera do embarque para o Mundial Indoor de Glasgow (Escócia), quando 16 brasileiros passaram por testes.
A ABCD, porém, só pode fazer testes em solo brasileiro, e diversos atletas do país treinam e competem no exterior. A agência tem convênios com os órgãos equivalentes de alguns países, como EUA (onde vive Alison dos Santos) e Portugal (Almir Jr e Letícia Oro estão lá). Mas não com o Quênia, país onde reside o maratonista Daniel Nascimento.
Desafios na composição das delegações
No caso dele, a tendência é que os testes ocorram quando ele viajar para competir – pretende disputar a Meia de Lisboa e a Maratona de Londres. DELEGAÇÕES GRANDES DEMAIS – A CBAt reconhece que o número de exames não é o ideal, mas argumenta que a World Athletics tem distribuído vagas de última hora, o que faz a delegação aumentar exponencialmente na véspera das competições.
‘Na quarta-feira antes do Mundial [Indoor] de Glasgow, à tarde, a gente tinha nove atletas classificados. No mesmo dia subiu para 21. Como você vai criar um radar, controlar, se o Mundial de Budapeste eles chamaram até quem estava acima de 400 do ranking mundial, como aconteceu na maratona feminina? Isso inclusive gera um custo altíssimo para gente.
Fonte: © TNH1
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