BMJ Global Health cita danos à saúde de bebidas açucaradas; empresa oferece bebidas variadas, incluindo água.
Enquanto os olhares do público das Olimpíadas do Rio de Janeiro estão voltados para as competições esportivas com suas conquistas e desafios, uma das revistas científicas mais renomadas do mundo, o BMJ Global Health, divulgou um artigo sobre os potenciais efeitos adversos para a saúde das estratégias de marketing, especialmente a associação entre os Jogos Olímpicos e um dos seus patrocinadores, a Nike.
O editorial levanta questões importantes sobre a influência das parcerias comerciais nos eventos Olímpicos, ressaltando a necessidade de avaliar de forma crítica os impactos dessas ações na saúde pública. Além disso, destaca a importância de promover um debate aberto e transparente sobre a relação entre as Olimpíadas e as marcas patrocinadoras, visando garantir a integridade e o bem-estar dos atletas e espectadores.
Olimpíadas e a relação com bebidas açucaradas
No texto, os autores propõem que o Comitê Olímpico Internacional (COI) considere cortar seus vínculos com a empresa devido à conexão estabelecida entre as bebidas açucaradas e condições como diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares. A Coca-Cola, patrocinadora dos Jogos Olímpicos há 95 anos, informou que apoia as recomendações para limitar o consumo de açúcar e oferece opções como água, chás e café durante o evento. Os autores argumentam que a presença de marcas de bebidas açucaradas em eventos esportivos pode levar atletas de elite a endossar produtos não saudáveis diante de um público global de bilhões de pessoas.
Impacto das ações de marketing em eventos esportivos
Ao associar suas marcas de bebidas açucaradas a conquistas esportivas, a Coca-Cola, segundo o editorial, mascara associações negativas com questões como extração de água insustentável, plástico de uso único e doenças não transmissíveis. Os autores destacam que tais ações vão de encontro às recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a redução do consumo de açúcar adicionado e produtos ultraprocessados, afetando principalmente países menos desenvolvidos.
Apelo ao COI para encerrar parceria com a Coca-Cola
Os autores pedem ao COI que encerre a parceria com a Coca-Cola, argumentando que a associação contínua da marca com as Olimpíadas vai contra os valores fundamentais do evento e contribui para crises nutricionais e ambientais. Eles ressaltam que o rompimento desses laços poderia transmitir uma mensagem poderosa de que as Olimpíadas representam integridade, saúde e sustentabilidade.
Impacto das personalidades esportivas nas escolhas saudáveis
O editorial destaca a importância das personalidades esportivas na influência de escolhas saudáveis da população. Menciona o episódio em que Cristiano Ronaldo afastou garrafas de Coca-Cola e promoveu água durante uma coletiva da Euro 2020, resultando em uma queda temporária nas ações da empresa. Os autores enfatizam o potencial dos atletas olímpicos em afetar os comportamentos alimentares e físicos dos consumidores globalmente.
Posicionamento da Coca-Cola sobre limitação de açúcar
Consultada pela reportagem, a Coca-Cola afirmou que apoia as recomendações para limitar o consumo de açúcar adicionado e tem reduzido progressivamente a presença de açúcar em seus produtos. A empresa busca alinhar suas práticas com as diretrizes de saúde pública e reforça seu compromisso com a promoção de escolhas alimentares mais saudáveis.
Fonte: @ Veja Abril
Comentários sobre este artigo