Gabriel Luís de Oliveira é acusado por nove mortes em baile funk, 2019; em vídeo, fumou charuto e bebeu após tumulto letal.
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O tenente da PM de São Paulo que afirmou a um youtuber americano que celebra óbitos em confrontos com charuto e cerveja é um dos 13 policiais acusados de envolvimento na morte de nove indivíduos em um baile funk em Paraisópolis, em dezembro de 2019. O teor da conversa divulgada pela Folha gerou uma crise interna da corporação.
O sargento da Polícia Militar de São Paulo, envolvido em um caso polêmico, está entre os 13 policiais acusados de participação na tragédia ocorrida em um baile funk em Paraisópolis. O episódio, que ocorreu em dezembro de 2019, causou grande comoção na sociedade e levantou questionamentos sobre a conduta dos agentes da PM.
PM: Sargento Oliveira e o Tumulto em Paraisópolis
A reportagem fez tentativas de contato com a defesa de Oliveira, porém não obteve sucesso – ele mudou de advogado. O sargento Gabriel Luís de Oliveira atuava como condutor do primeiro veículo tático móvel a chegar à comunidade de Paraisópolis, em apoio à perseguição de duas motocicletas cujos ocupantes teriam disparado contra outros policiais, desencadeando o tumulto que resultou em nove mortes e 12 feridos, a maioria deles feridos por pisoteamento. Segundo a versão oficial, os policiais foram alvo de ataques com garrafas e pedras por participantes do baile, o que teria levado à resposta com armas menos letais, como bombas de efeito moral e balas de borracha. Foi necessário solicitar reforço para sair do local, e felizmente conseguiram sair ilesos. Após o tumulto, os policiais avistaram os feridos em uma viela e prestaram socorro.
Na denúncia aceita pelo Judiciário, o Ministério Público alega que Oliveira teria descido do veículo ‘com o cassetete em mãos, agredindo quem tentava escapar do tumulto naquela esquina’. A denúncia destaca a motivação dos acusados em causar desordem, pânico e sofrimento, demonstrando abuso de poder e prepotência contra a população presente no evento cultural. Oliveira e os demais policiais envolvidos foram afastados das atividades de rua por determinação do ex-governador João Doria. Promovido a sargento, Oliveira foi designado para a zona norte no ano passado, onde integrou uma nova equipe da Força Tática.
Nessa região, Oliveira passou a integrar uma nova equipe da Força Tática, que foi entrevistada pelo criador de conteúdo Gen Kimura para discutir a rotina da corporação. O youtuber acompanhou algumas operações em viaturas, conforme publicado recentemente em seu canal. Durante uma dessas ocasiões, o sargento mencionou, em inglês, que a morte de criminosos era celebrada com charutos e cerveja. Após a repercussão negativa, essa parte da entrevista foi removida do conteúdo disponível no canal.
Embora gravações semelhantes já tenham sido autorizadas pela cúpula da corporação, esse incidente específico desencadeou uma crise devido às declarações de Oliveira, consideradas desastrosas, e a possíveis falhas de comunicação na PM. Um capitão vinculado à cúpula teria autorizado a gravação com o youtuber sem informar os superiores hierárquicos, sendo um dos policiais afastados em decorrência do episódio. Em comunicado, a SSP afirmou que o comando da PM iniciou uma investigação abrangente sobre o caso, a ser conduzida pela Corregedoria. A instituição reiterou seu compromisso com a legalidade e a responsabilização de agentes envolvidos em condutas irregulares. A região da zona norte é liderada pelo coronel Cleotheos Sabino de Souza Filho.
Fonte: © Notícias ao Minuto
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