Morte de jovem negra grávida em 2002 por negligência levou à criação da Rede Cegonha, apoiada pelo Comitê para Eliminação de Discriminação contra a Mulher da Organização das Nações Unidas, defendendo direitos humanos.
O governo federal apresentou, na última quinta-feira (12), em Belford Roxo, no Rio de Janeiro, um programa inovador para combater a mortalidade materna no país. Com o objetivo de reduzir a taxa de mortalidade materna em 25% até 2027, o programa também visa diminuir a desigualdade racial, reduzindo a mortalidade em 50% entre as mulheres pretas no mesmo período.
A iniciativa, batizada de Rede Alyne, é uma reestruturação da antiga Rede Cegonha, que oferecia cuidados a gestantes e bebês na rede pública. Com essa nova abordagem, o governo busca minimizar os óbitos maternos e a morte materna, garantindo um atendimento mais eficaz e humanizado às mulheres durante a gestação e o pós-parto. A redução da mortalidade de mães é um desafio que exige ação imediata e eficaz. Com a Rede Alyne, o governo federal busca fazer a diferença e melhorar a saúde das mulheres brasileiras.
Uma História de Luta contra a Mortalidade Materna
A iniciativa em homenagem à jovem Alyne Pimentel, uma vítima da falta de atendimento adequado na rede pública de saúde do município de Belford Roxo (RJ), em 2002, é um lembrete constante da luta contra a mortalidade materna. Alyne, uma jovem negra de 28 anos, grávida de seis meses e mãe de uma criança de 5 anos, perdeu a vida devido à negligência do sistema de saúde. Sua morte teve um impacto significativo, levando o Brasil a ser condenado internacionalmente em 2011 pelo Comitê para Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra Mulheres (Cedaw) das Nações Unidas (ONU). A condenação destacou a necessidade de reduzir os números de morte materna evitável, reconhecida como violação de direitos humanos das mulheres a uma maternidade segura.
Alyne Pimentel faleceu em 2002 após um atendimento inadequado pela rede de saúde do Rio. Sua mãe, Maria de Lourdes Pimentel, recebeu uma placa em homenagem à sua filha em uma cerimônia simbólica em Brasília, 12 anos após a morte de Alyne. O governo federal indenizou a família com US$ 55 mil, a título de reparação financeira pela morte de Alyne.
Desafios e Metas para Reduzir a Mortalidade Materna
Em 2022, a razão de mortalidade materna (número de óbitos a cada 100 mil nascidos vivos) de mães pretas foi o dobro em relação ao geral: 110,6. No geral, foram 57,7 óbitos a cada 100 mil nascidos vivos. O Brasil busca atingir o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU), com a marca de 30 óbitos por 100 mil nascidos vivos, até 2030.
A Rede Alyne de Cuidado Integral a Gestantes e Bebês é uma iniciativa que visa beneficiar mulheres com cuidado humanizado e integral, observando as desigualdades étnico-raciais e regionais. Durante o lançamento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou a importância de que as mulheres grávidas sejam bem tratadas ao procurarem atendimento médico. ‘Nós queremos criar um programa para que a mulher seja atendida com decência, para que a mulher faça todos os exames necessários, para que a mulher possa fazer todas as fotografias que ela quiser fazer do útero para ver como é que está a criança, para que a gente possa fazer com que a mulher chegue saudável no médico e saia de lá, além de saudável, com uma criança muito bonita no seu colo’, disse o presidente.
Investimentos para Reduzir a Mortalidade Materna
Em 2024, o Ministério da Saúde vai investir R$ 400 milhões na rede. Em 2025, o aporte deverá chegar a R$ 1 bilhão. Haverá um novo modelo de financiamento com a distribuição mais equitativa dos recursos para reduzir desigualdades regionais e raciais; o financiamento será por nascido vivo, por local de residência e município do atendimento. O governo também vai triplicar o repasse para a Rede Cegonha, que visa reduzir a mortalidade de mães e melhorar a saúde materna.
Fonte: @ Agencia Brasil
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