No excesso se transformou em sinônimo de ostentação, não de elegância, entre coisas e diferenças enormes. Demanda econômica, dos anos 80, moda: punk, romantismo, influências. Idealizado movimento: feminino, Quiet, Luxury, Prada, Miuccia, Succession, mercado de luxo.
Tenho algumas fotos da minha infância, mas quase nenhum da minha adolescência. A memória é falha e é impossível lembrar de tudo. Quando nos esquecemos desses momentos, somos salvos pelos registros fotográficos. Lamento não ter muitos dessa época, mas guardo com carinho aqueles que mostram a moda da época, trazendo à tona lembranças especiais.
Relembrar o passado através das fotografias é como viajar no tempo, revivendo momentos únicos e especiais. Além das lembranças, as roupas que usávamos naquela época também são um reflexo do nosso estilo e personalidade. Cada peça de vestuário conta uma história, e é incrível como a moda pode nos transportar para diferentes épocas de nossas vidas.
Moda dos Anos 1980 e Suas Influências na Atualidade
Por outro lado, quando reflito sobre o que representava a moda nos anos de 1980, a lembrança das roupas que usava naquela época cria um vazio fotográfico que, de certa forma, preserva minha reputação. As imagens daquele tempo se transformaram em memes atuais, pois tudo era marcado pelo exagero fashion. O exagero se manifestava nas proporções exageradas, nas cores vibrantes, nas modelagens ousadas e nas sobreposições inusitadas. As roupas rasgadas e com um ar desafiador eram claramente influenciadas pelo movimento punk.
As mangas bufantes, que surgiam em contextos um pouco mais formais, traziam consigo a influência do romantismo idealizado da princesa Diana. Já as ombreiras e roupas amplas, usadas pelas mulheres, refletiam a resposta do movimento feminino, especialmente no mercado de trabalho, buscando afirmar sua força e presença. Era, sem dúvida, uma época de excessos, porém não necessariamente de ostentação.
A situação econômica da época não permitia grandes extravagâncias. A moda, como expressão do contexto vivido, passou por diversas transformações ao longo dos anos, desde os anos 1980 até os dias atuais. Uma das tendências mais recentes é o Quiet Luxury (Moda Silenciosa), que preza pela simplicidade e elegância.
Nessa nova abordagem da moda, menos é mais. Os consumidores estão mais interessados em peças de alta qualidade, bem elaboradas e atemporais, em contraste com peças excessivamente adornadas que evidenciam o poder aquisitivo. Essa mudança de paradigma foi influenciada por figuras icônicas da moda, como Miuccia Prada, herdeira da renomada marca italiana Prada, conhecida por seu estilo discreto e básico.
Além disso, a cultura pop, incluindo a dramaturgia, também abraça essa temática. Um exemplo é a personagem Shivon Roy de ‘Succession’, que, apesar de seu estilo de vida extravagante, opta por looks simples e sem ostentação. A ostentação, por sua vez, é mais evidente nos números do mercado de luxo.
Um estudo sobre o mercado de luxo brasileiro aponta um crescimento significativo, prevendo um aumento de quase o dobro do faturamento entre 2022 e 2030. Esse movimento minimalista reflete uma mudança geracional importante, onde as novas gerações valorizam o luxo pelo uso e não apenas pela posse.
As marcas de luxo precisam se adaptar a essa nova demanda, onde a mensagem de discrição e seletividade ganha mais destaque do que a ostentação. A elegância passa a ser associada à moderação, em contraste com a ideia de que o exagero é sinônimo de ostentação, não de refinamento. A mensagem transmitida pela escolha de peças de luxo vai além do produto em si, refletindo a imagem e a posição social almejada.
Essa mudança de perspectiva em relação à moda, influenciada pelas tendências dos anos 1980 e adaptada aos padrões atuais, evidencia a evolução constante do mercado e das preferências do consumidor. A busca por um estilo mais sóbrio e atemporal reflete não apenas uma mudança estética, mas também uma transformação nas percepções de luxo e elegância.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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