Três sobreviventes indígenas Akuntsu vivem no território ancestral, evitando contato recente após décadas de projetos colonização em Rondônia.
A intensa devastação causada por colonizadores e madeireiros ao longo dos anos levou uma das mais de 300 etnias indígenas do Brasil a sobreviver com apenas três membros. Três mulheres que, no centro da Amazônia, preservam a tradição, a sabedoria e a trajetória da etnia Akuntsu, que habita a região amazônica conhecida como terra indígena Rio Omerê, localizada no sudeste de Rondônia.
Essas mulheres representam não apenas a resistência do povo Akuntsu, mas também a luta pela preservação da Floresta Amazônica. Conhecida como o pulmão do mundo, a Amazônia enfrenta desafios constantes, mas é vital para a biodiversidade e equilíbrio ambiental global. A região amazônica também é fundamental para as comunidades indígenas que dependem dela para sobreviver. A preservação da Amazônia é essencial para o futuro de nosso planeta.
Proteção dos Povos Indígenas na Amazônia
Apesar das leis criadas para proteger as comunidades indígenas, o Estado enfrentou dificuldades em garantir a preservação dos Akuntsu, um povo quase extinto na vastidão da Floresta Amazônica. Sem muito o que comemorar no Dia dos Povos Indígenas, as sobreviventes Akuntsu são consideradas indígenas de recente contato, mantendo viva sua língua tupi, longe do idioma português.
No território ancestral dessas mulheres, ao longo de décadas, diversas ameaças pairaram sobre a harmonia tradicional, especialmente devido ao avanço de não indígenas interessados na ocupação dessas terras sagradas. Luciana Keller, antropóloga e assessora indigenista do Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato (OPI), destaca os desafios enfrentados por esse coletivo no sul de Rondônia, região amazônica marcada por décadas de projetos de colonização.
Explicando a interação dessas mulheres com a natureza, Keller ressalta que a colonização agressiva do passado e os conflitos entre diferentes coletivos indígenas contribuíram para a quase extinção dos Akuntsu. Entre as sobreviventes, estão Pugapia, Aiga e Babawru, cujas idades estimadas revelam a história e a resiliência desse povo.
A antropóloga destaca a importância da ancestralidade Akuntsu, evidenciando que as mulheres Akuntsu mantêm vivos os laços com a fauna da Amazônia, particularmente com as aves, parte essencial de sua cultura e sobrevivência. Essa relação simbiótica com a flora e fauna amazônicas preserva saberes milenares transmitidos por gerações, mesmo diante das adversidades enfrentadas pelas Akuntsu.
Konibú, o último homem Akuntsu, falecido em 2016 aos 85 anos, foi uma figura emblemática para o seu povo, representando resistência e tradição em meio às adversidades. Sua passagem marcou o fim de uma era para os Akuntsu, ressaltando a importância de preservar não apenas a Floresta Amazônica, mas também as culturas e os povos que são verdadeiros guardiões desse tesouro natural.
Fonte: @ Metropoles
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