Em 59% dos votos da Anvisa na consulta pública sobre cigarros tradicionais, brasileiros preferiram uma regulamentação que permite uso, em detrimento da proibição. Eles consideram esses produtos menos perigrosos, com redução de danos pela nicotina. Essa decisão será disponibilizada e pode alterar o sistema de saúde do país. Canadense forneceu uma alternativa ao tabagismo ilegal. (147 caracteres)
A Anvisa optou por manter, em abril, a proibição da comercialização dos cigarros eletrônicos. Apesar disso, os vapes continuam sendo adquiridos pela população, mesmo que de forma ilegal. ‘A única alternativa é apelar para a ilegalidade’, afirma Miguel Okumura, defensor da redução de danos, em entrevista à CNN Brasil. Miguel utiliza vapes há sete anos e questiona a determinação da agência.
Okumura destaca a importância dos e-cigarros e e-vaporizadores como ferramentas de redução de danos para fumantes. ‘Os dispositivos para fumar eletrônicos representam uma alternativa menos prejudicial’, ressalta. A venda desses produtos segue proibida, mas muitos consumidores como Miguel continuam acessando vapes de forma clandestina.
O debate sobre regulamentação dos cigarros eletrônicos
Como consumidores de cigarros eletrônicos, muitos se sentem desamparados diante da falta de regulamentação. Questiona-se a hipocrisia quando se observa a existência de regras rígidas para os cigarros tradicionais, amplamente reconhecidos por seus danos à saúde. No entanto, os e-cigarros e vapes permanecem sem uma regulamentação clara no Brasil.
A ANVISA adotou medidas como a realização de uma consulta pública para envolver a população no debate. A participação foi expressiva, com 59% dos contribuintes sendo favoráveis à não proibição dos dispositivos eletrônicos. Apesar disso, a decisão da Anvisa foi manter a proibição dos cigarros eletrônicos no Brasil, enquanto na Suécia, o país pode se tornar o primeiro ‘livre de fumo’ do mundo.
No Brasil, quase três milhões de pessoas consomem cigarros eletrônicos, conforme dados do Ipec. A discussão sobre a regulamentação desses dispositivos não se limita ao território brasileiro, sendo um tema global em destaque.
No Canadá, por exemplo, os vapes são permitidos para maiores de idade. O sistema de saúde canadense os considera uma alternativa ao tabagismo, destacando a decisão de redução de danos. Especialistas como David Sweanor, da Universidade de Ottawa, apoiam essa abordagem, buscando diminuir o impacto negativo do tabagismo.
Sweanor ressalta a gravidade das doenças provocadas pelo tabagismo, com milhares de mortes anuais no Canadá. Ele enfatiza a importância de proporcionar alternativas menos perigosas, visando ajudar fumantes a abandonar o hábito. A Organização Mundial da Saúde destaca que o tabagismo é responsável por oito milhões de mortes anuais em todo o mundo, com mais de 160 mil óbitos anuais somente no Brasil.
O governo brasileiro aponta que o tabagismo tradicional gera prejuízos consideráveis para a saúde e a economia do país. Apesar das divergências em relação à regulamentação dos cigarros eletrônicos, a discussão sobre a redução de danos e a busca por alternativas menos prejudiciais ao tabagismo tradicional seguem sendo temas relevantes na saúde pública.
Fonte: © CNN Brasil
Comentários sobre este artigo