Espaço para discutir bem-estar, alimentação saudável e inovação. Complexidade das escolhas alimentares: embalagem em supermercado, tomates processados, produtos saudáveis, alimentos sem agrotóxicos, mercado regulamentado globalmente.
‘A pizza de pepperoni é irresistível’. Embalagem colorida em destaque na prateleira de um mercado local. Porém, ao ler os ingredientes em letras pequenas, a realidade se revela, recheada de alimentos ultraprocessados que pouco têm a ver com o aspecto saudável propagado. Nesse momento, buscava opções mais naturais para introduzir no mercado brasileiro. A preferência por alimentos sem agrotóxicos crescia cada vez mais entre os consumidores conscientes.
Na busca por alternativas, deparei-me com diversos produtos que, apesar de atraentes, eram resultado da produção em massa de alimentos industrializados. A indústria alimentícia tinha como sua especialidade a criação de comida manufaturada com alto teor de aditivos e conservantes. A divulgação de comida fabricada como saudável tornava-se uma prática comum, mas a necessidade de oferecer opções mais genuínas e saudáveis continuava sendo minha prioridade. Investir em produtos mais próximos da natureza era um desafio a ser conquistado.
Alimentos Ultrprocessados: Uma Reflexão Necessária
Conforme o mercado de alimentos ultraprocessados cresceu, houve uma necessidade premente de regulamentação em nível global. No entanto, mesmo com as diretrizes sendo estabelecidas, é interessante notar como termos atrativos são habilidosamente usados para comercializar esses produtos nas prateleiras dos supermercados. A aparente inocência de expressões como ‘sem conservantes’ ou ‘orgânico’ pode esconder a real natureza desses alimentos industrializados.
A mídia tem desempenhado um papel crucial na disseminação do termo ‘alimentos ultraprocessados’, antes associado principalmente a questões de saúde e doenças, e agora incorporado também em discussões econômicas. Políticas públicas ao redor do mundo têm sido influenciadas por esse debate em torno da taxação de ‘comida fabricada’ para promover o consumo de alimentos naturais e saudáveis.
Entretanto, surge a questão de até que ponto podemos realmente distinguir de forma tão clara entre ‘comida de verdade’ e produtos manufaturados. A definição de alimento como algo que nutre o organismo deve incluir também os alimentos fabricados em indústrias? Seria ético limitar o avanço das técnicas que possibilitam alimentar uma população global em constante crescimento?
A especialista Louise Fresco destaca a importância da produção sustentável de alimentos em uma sociedade moderna e em constante movimento. A praticidade e a conveniência dos alimentos embalados em supermercados não podem ser ignoradas, principalmente quando se considera a demanda de uma população tão numerosa.
A discussão sobre alimentos processados e industrializados requer discernimento. Nem todos os produtos fabricados são necessariamente prejudiciais à saúde. Produtos como pães com fibras adicionadas, iogurtes enriquecidos e granolas sem açúcar podem desempenhar um papel importante na dieta de indivíduos que buscam equilíbrio nutricional.
É fundamental evitar generalizações e preconceitos em relação aos alimentos industrializados. Cada escolha alimentar deve ser avaliada individualmente, levando em consideração as necessidades nutricionais e o contexto de consumo. Encontrar um equilíbrio entre praticidade e qualidade nutricional é essencial para uma alimentação saudável e sustentável. Como diz o provérbio português, a variedade de escolha é essencial para saciar todas as fomes.
Fonte: @ Veja Abril
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