Xenotransplante em pacientes vivos com células-tronco geneticamente editadas promete ser solução para escassez de órgãos. Leonardo Riella menciona taxa de rejeição e cuidados pós-operatórios.
O transplante renal de um porco em um ser humano é um marco na história da medicina moderna. O Massachusetts General Hospital foi pioneiro nesta técnica que poderá revolucionar o tratamento de pacientes com doenças renais. O procedimento inovador abre caminho para futuras pesquisas e transplantes envolvendo órgãos de diferentes espécies.
A cirurgia de implante de rim de porco geneticamente editado marca o início de uma nova era na medicina regenerativa. A operação de transferência foi um sucesso, trazendo esperança para milhares de pessoas na fila de espera por um transplante de órgão. A transplantação interespécies abre caminho para avanços significativos no campo da medicina e no tratamento de doenças crônicas.
Transplante de órgãos: cirurgia revolucionária liderada por brasileiro
A equipe que realizou a cirurgia pioneira foi liderada por um brasileiro, o nefrologista Leonardo Riella, diretor médico de transplante renal do hospital. ‘Fiquei emocionado no anúncio quando falei da nossa equipe. Foi uma dedicação muito intensa. Dia e noite, nossa equipe estava dando a alma e mais um pouco para que desse certo’, disse Riella, em entrevista a VEJA.
Xenotransplante: avanços na cirurgia de implante
O xenotransplante (transplantação, infusão ou implantação de órgãos de espécies diferentes) foi feito em Richard Slayman, um paciente com doença renal em estágio terminal e durou quatro horas. Slayman já tinha sido transplantado em 2018 após sete anos fazendo diálise. Ele vive ainda com diabetes tipo 2 e hipertensão.
A importância do transplante para pacientes vivos
No ano passado, o órgão começou a apresentar falhas e ele teve de retomar as sessões. No entanto, apareceram complicações vasculares e o paciente precisava ir ao hospital a cada duas semanas. Slayman chegou a realizar 16 procedimentos cirúrgicos para corrigir as intercorrências.
Os avanços da tecnologia de edição genética em transplantes
‘Meu nefrologista, Winfred Williams, e a equipe do Transplant Center sugeriram um transplante de rim de porco, explicando cuidadosamente os prós e os contras desse procedimento. Eu vi isso não apenas como uma forma de me ajudar, mas também como uma forma de dar esperança às milhares de pessoas que precisam de um transplante para sobreviver’, disse, em comunicado.
Transplante: a esperança para pacientes em insuficiência renal
Nesta sexta-feira, 22, o paciente deve ter a linha de diálise removida e, depois, vai para casa. Ele continuará sendo monitorado com consultas e exames — da mesma forma que qualquer pessoa submetida a um transplante.
Transplante geneticamente editado: o papel das células-tronco
O órgão suíno foi fornecido pela empresa eGenesis e submetido a 69 edições genômicas com a tecnologia CRISPR-Cas9, também conhecida como ‘tesouras mágicas’ e que foi laureada com o Prêmio Nobel em 2020. Além da remoção de genes que causariam rejeição, foram adicionados genes para melhorar a compatibilidade em humanos.
Leonardo Riella: liderança no campo do transplante de órgãos
Formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Riella fez doutorado na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e residência no Brigham and Women’s Hospital. Ele mora nos Estados Unidos há 20 anos e é professor associado na Harvard Medical School.
Redução da taxa de rejeição em transplantes
Embora tenha liderado o grupo que atingiu o feito inédito no universo dos transplantes, ele credita o sucesso ao trabalho de cada profissional que participou do procedimento. ‘É um trabalho de equipe, cada um traz uma parte da sua experiência e as estrelas acabam se alinhando.
O impacto do xenotransplante na escassez de órgãos
Estou orgulhoso e muito feliz por poder ter uma equipe tão colaborativa com objetivo de melhorar a qualidade de vida dos pacientes.’ Segundo o médico, a técnica também é uma forma de reduzir o sofrimento das pessoas que aguardam em filas de transplante por causa do número de doadores abaixo da demanda.
A busca por soluções em transplantes de órgãos
O xenotransplante era para ser a maior frente de transplante há mais de 30 anos, mas tivemos muitos desafios. Só nos últimos dez anos que observamos mudanças e o CRISPR permitiu que corrigíssemos diferenças que causam rejeição.
O cenário do transplante nos Estados Unidos
Segundo a Rede Unida para Compartilhamento de Órgãos (UNOS), mais de 100 mil pessoas nos Estados Unidos esperam por um transplante e 17 pessoas morrem todos os dias na fila. O rim lidera o ranking de órgão mais demandado.
A evolução do xenotransplante: casos anteriores em destaque
Em 2021, uma equipe da Universidade de Nova York transplantou um rim suíno com material genético alterado, mas em um paciente com funções vitais mantidas por aparelhos. No ano seguinte, o americano David Bennett, então com 57 anos, se tornou o primeiro ser humano vivo a ser submetido a um xenotransplante com coração suíno geneticamente modificado.
Fonte: @ Veja Abril
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