Chancelaria brasileira questiona impugnação de candidatura opositora ao governo Maduro. Venezuela acusa nota de influência americana.
O Ministério das Relações Exteriores venezuelano criticou duramente a nota publicada pelo Itamaraty sobre as próximas eleições na Venezuela, alegando que o documento possui um viés intervenionista e demonstra um profundo desconhecimento da realidade local. A troca de declarações entre os dois países evidencia a tensão diplomática existente nesse período pré-eleitoral.
A oposição venezuelana, por sua vez, também expressou sua preocupação com o processo eleitoral em curso, destacando a necessidade de garantir a transparência e a democracia no pleito. As manifestações populares têm sido frequentes nas últimas semanas, reforçando a importância de uma supervisão internacional imparcial para assegurar a lisura das eleições.
Manifestação do Ministério das Relações Exteriores sobre as Eleições na Venezuela
No comunicado oficial, a chancelaria brasileira expressou sua ‘expectativa e preocupação’ diante dos desdobramentos recentes envolvendo as eleições presidenciais para a sucessão de Nicolás Maduro, marcadas para o dia 28 de julho.
A principal frente de oposição da Venezuela informou que enfrentou dificuldades para inscrever sua candidata, Corina Yoris, no site do Conselho Nacional Eleitoral, órgão encarregado das eleições no país. O prazo para registro encerrou às 23h59 de segunda-feira (25).
‘[O Brasil] ressalta que a candidata indicada pela Plataforma Unitaria, representante da oposição, e que não estava sob decisões judiciais, foi impedida de se registrar, o que vai contra os termos do Acordo de Barbados.
Até o momento, nenhuma explicação oficial foi fornecida sobre esse impedimento’, destacou trecho do pronunciamento oficial do Itamaraty.
Observadores políticos apontam que o impedimento de Corina Yoris tem motivações políticas. De acordo com o cientista político Jorge Morán, em entrevista à agência de notícias AFP, o chavismo busca recriar o cenário de 2018, quando a oposição boicotou as eleições presidenciais vencidas por Maduro.
Análises veiculadas pelo g1 e pela GloboNews sugerem que, apesar da iniciativa do ex-presidente Lula em incentivar o processo eleitoral na Venezuela, a capacidade do líder brasileiro em influenciar Maduro é considerada ‘limitada’, tendo em vista os recentes sinais emitidos pelo governo venezuelano.
Controvérsias sobre a Manifestação Brasileira
Em resposta à posição manifestada pelo Brasil, a chancelaria venezuelana afirmou que o comunicado emitido pelo Itamaraty – redigido por seus funcionários, conforme ressaltado no texto – parecia refletir interesses do Departamento de Estado dos Estados Unidos.
‘O governo venezuelano tem mantido uma postura alinhada aos princípios da diplomacia e das relações de amizade com o Brasil’, declarou o comunicado.
‘O governo bolivariano agradece as manifestações de apoio do ex-Presidente Lula da Silva, que, de forma direta e inequívoca, condenou as medidas restritivas ilegais impostas pelo governo dos Estados Unidos para prejudicar nossa nação’, concluiu o documento.
Nas últimas semanas, representantes diplomáticos já vinham internamente apontando que as ações de Maduro divergiam do Acordo de Barbados, mencionado pelo governo brasileiro em sua manifestação.
Assinado em outubro de 2023, o acordo determinava a presença de observadores internacionais na supervisão das eleições, com garantia de liberdade de imprensa e sem restrições aos candidatos. Em contrapartida, os americanos concordaram em suspender as sanções sobre o petróleo venezuelano.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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