Presidente da Companhia de Saneamento de Minas Gerais explica os bons números da estatal, com plano de privatização suspenso em troca de federalização e perdão da dívida.
A Copasa é uma das empresas mais tradicionais do ramo de saneamento em Minas Gerais, contando com uma extensa rede de abastecimento de água e tratamento de esgoto em várias cidades do estado. Com as mudanças trazidas pelo Marco Regulatório do Saneamento, a Copasa precisou se adaptar e buscar maior eficiência em seus serviços para atender às novas exigências do mercado.
Como uma importante empresa de saneamento no cenário nacional, a Copasa tem sua relevância reconhecida, mas o desafio de se manter competitiva frente à concorrência de companhias privadas no setor. A nova legislação trouxe a necessidade de modernização e aprimoramento dos serviços oferecidos, visando garantir a universalização do acesso à água potável e ao saneamento básico a todos os brasileiros até 2033.
Avaliação de mercado da Copasa desencadeia debate sobre modelo de privatização
A análise é de Guilherme Duarte, presidente da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), empresa de economia mista, com 50,3% participação do governo mineiro. Com cerca de 10 mil funcionários, a Copasa atende 12,5 milhões de clientes em 640 municípios do estado.
‘A simples implementação da concorrência por meio do marco regulatório do saneamento trouxe à tona o risco do fim das estatais do setor’, diz Duarte, nesta entrevista ao NeoFeed.
‘Se não cumpro as metas de universalização, coloco os meus contratos em risco – e os municípios estão cada vez mais conscientes de que há oportunidades.’ A rigor, Duarte é o gestor de uma estatal com desempenho de empresa privada eficiente.
No cargo desde 2022, ajudou a colocar a Copasa nos trilhos, com 99% de fornecimento de água potável e 75% de cobertura de rede de esgoto, e deu início a um plano alternativo de obtenção de receita, explorando aterro sanitário e água de reuso, por exemplo.
A empresa registrou lucro líquido de R$ 437 milhões no terceiro trimestre de 2023 (últimos resultados disponíveis), alta de 92,4% em relação ao mesmo período de 2022. Com uma dívida líquida sob controle, de R$ 3,44 bilhões, a Copasa ostenta uma relação dívida líquida/Ebitda de apenas 1,4 vez.
Planos de privatização da Copasa enfrentam obstáculos e incertezas
Esses números a credenciaram para ser privatizada, como o governador Romeu Zema (Novo) sempre desejou fazer. Os planos, porém, foram suspensos em novembro do ano passado, quando Zema iniciou negociações com o governo federal para federalizar a Copasa e outras duas estatais mineiras, a Cemig e Codemig, como forma de Minas Gerais amortizar sua dívida pública de R$ 160 bilhões com a União.
A proposta divide especialistas. No caso da Copasa, que tem avaliação de mercado de R$ 7,6 bilhões, o negócio é complexo por ser uma empresa de saneamento, o que exigirá do governo federal o estabelecimento de acordos com os municípios atendidos pela estatal. Duarte diz que essa é uma decisão do governo mineiro. Mas admite que a privatização é o melhor caminho para as estatais de saneamento.
Modelos de privatização e desafios para as estatais de saneamento
‘O ganho principal é livrar a empresa das amarras que uma estatal tem, como as limitações de contratação de licitações públicas, que não garantem qualidade dos serviços.’ Leia a seguir os principais trechos da entrevista exclusiva concedida por Duarte: O governo de Minas Gerais suspendeu recentemente as discussões de privatização da Cemig e da Copasa, estatais que podem ser federalizadas em troca da redução da dívida com a União.
Isso afeta o planejamento? Não, em nada. O governo suspendeu as discussões num primeiro momento até que se defina essa questão da dívida do estado. Na minha opinião pessoal, uma decisão muito coerente para que o governo tenha foco administrativo e político…
Fonte: @ NEO FEED
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