Companhia divulgou balanço do 4º trimestre com prejuízo acumulado e impactos cambiais. Margem de lucro ajustada em queda.
O céu estava de um azul intenso, sem nuvens à vista. A beleza da cor azul tomava conta de toda a paisagem, enchendo os olhos de quem o contemplava com uma sensação de paz e tranquilidade.
Voar é uma experiência única, ainda mais quando se está a bordo de uma companhia aérea renomada. Imagine sobrevoar os céus azuis a bordo de um avião confortável e seguro, tendo uma vista privilegiada lá de cima. Sem dúvidas, é uma sensação indescritível e inesquecível.
Resultado líquido negativo da Azul aumenta em 2023
A Azul terminou 2023 com um patrimônio líquido negativo de R$ 21,3 bilhões, um aumento de 12% em relação aos R$ 19 bilhões reportados pela companhia aérea como patrimônio líquido negativo em 2022. O crescimento das perdas no último ano foi impulsionado por um prejuízo acumulado de R$ 2,3 bilhões, um aumento de 229,5% em relação ao prejuízo de R$ 722 milhões registrado pela empresa no ano anterior.
A ação da Azul está em queda no pregão desta quinta-feira (28), refletindo a reação do mercado ao balanço divulgado pela companhia. Por volta das 13h55, o papel estava sendo negociado com uma queda de 4,96%, a R$ 13,42. A empresa reportou um resultado líquido negativo de R$ 700 milhões em 2023, valor que não inclui o direito de conversão das debêntures da companhia, que adicionaria uma perda de R$ 1,7 bilhão à linha.
Dessa forma, o resultado líquido ajustado da empresa ficou negativo em R$ 2,4 bilhões no ano, sendo ainda 9% menor que o resultado líquido ajustado em 2022. A Azul divulgou os resultados do último trimestre de 2023, junto com o balanço anual consolidado, em uma versão não auditada do documento.
Desempenho no quarto trimestre de 2023
No quarto trimestre de 2023, a companhia aérea registrou um lucro de R$ 403,3 milhões, representando um aumento de 75% em comparação com o mesmo período de 2022. Ajustado por fatores como impactos cambiais, a empresa teve um prejuízo líquido de R$ 270,6 milhões, uma redução de 56%. Essa redução nas perdas reflete a manutenção da boa demanda, que resultou em recordes em indicadores como a receita e Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) no trimestre.
A Azul encerrou o trimestre com uma receita líquida de R$ 5 bilhões, um aumento de 13% em relação ao ano anterior e um recorde para a empresa. De acordo com a companhia, esse resultado foi impulsionado pelo forte aumento na receita de passageiros, que cresceu 13%. A receita de carga e outros também alcançou um recorde histórico de R$ 365,1 milhões, representando um aumento de 10% em comparação com o mesmo período de 2022.
No trimestre, a empresa transportou 7,2 milhões de passageiros, um aumento de 3,6% em relação ao ano anterior. No acumulado de 2023, o total foi de 29,3 milhões, refletindo um crescimento de 6,5%.
Análise do balanço da Azul pelo mercado
Para analistas, o balanço da Azul não apresentou surpresas significativas. Bruno Cirano, economista e investidor da Corano Capital, observou que os números da companhia confirmaram a tendência de melhoria na gestão de despesas em relação à receita. Ele destacou a necessidade de equilibrar os custos operacionais frente ao aumento dos preços do petróleo, que dificultou o repasse dos custos para os consumidores durante e após a pandemia.
O analista Ilan Arbetman, da Ativa, ressaltou as receitas recordes reportadas pela Azul, bem como a redução nos custos com querosene de aviação, gastos comerciais e publicitários, o que contribuiu para a queda nos custos e despesas operacionais por assento-quilômetro oferecido (ASK).
Felipe Moura, analista da Finacap, destacou a melhoria na margem da empresa, mesmo com o aumento das despesas administrativas e operacionais. Ele enfatizou que essa melhoria foi impulsionada pela redução nos preços do petróleo, aliviando a pressão sobre os custos com querosene de aviação.
Enrico Cozzolino, chefe de análise da Levante, explicou que, apesar do aumento da receita, a Azul registrou um prejuízo maior no ano devido ao aumento do custo operacional por assento-quilômetro oferecido, excluindo o combustível, que teve um aumento de 14%. Ele ressaltou a importância dos indicativos sobre o futuro da empresa presentes nos resultados do balanço.
Cozzolino enfatizou que o mercado estará atento à capacidade da empresa de alcançar o crescimento de 11% projetado para o CASK em 2024. Ele também alertou para a volatilidade do petróleo e seus derivados, que representam cerca de 40% dos custos das aéreas.
Moura expressou otimismo em relação à Azul, destacando a aproximação do ponto de equilíbrio financeiro da empresa, que vem queimando caixa desde a pandemia. Ele previu que a geração de caixa positiva poderá ser observada a partir do segundo semestre, enquanto Cirano considerou a possibilidade de a Azul se beneficiar da fragilidade da Gol no mercado.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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